Nuno Peres, investigador do Centro de Física e professor do Departamento de Física da Escola de Ciências da UMinho, venceu o Prémio Gulbenkian Ciência 2011, anunciou a Fundação Calouste Gulbenkian. |
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Nuno Peres é um dos mais reputados físicos teóricos mundiais a trabalhar sobre o grafeno, uma das formas de organização possível com os átomos de carbono. Já há muito se conheciam outros tipo de organização no átomo de carbono, visíveis em materiais como a grafite, o diamante ou, numa forma complexa, no futeboleno. Nesta nova descoberta ,no grafeno, os átomos de carbono apresentam-se na forma bidimensional - tecnicamente, é uma nanoestrutura de carbono, com a espessura de um átomo , o que confere ao material amplas aplicações futuras no domínio da electrónica. Esta forma de organização permite o desenvolvimento de materiais "condutores" e incrivelmente finos, com possibilidades de aplicação que só a imaginação limita. Por exemplo o "papel de grafeno", apesar de fino, é dez vezes mais forte que o aço.
Este jovem investigador trabalha na Universidade do Minho e colabora com os cientistas Andre Geim e Konstantin Novoselov (Universidade de Manchester), que descobriram este material e foram galardoados em 2010 o Nobel da Física. Nuno Peres, em conjunto com António Castro Neto (Boston) e Francisco Guinea (Madrid), previu a existência de uma nova forma do efeito de Hall quântico no grafeno, tese posteriormente confirmada pela dupla de Manchester e publicada em 2006 na Physical Review B. O trabalho tornou-se o artigo teórico mais citado na área da física do grafeno e o terceiro artigo português mais citado do ano. Além disso, Nuno Peres descreveu teoricamente a opacidade do grafeno, cujos resultados experimentais saíram em 2008 na revista Science, em conjunto com o grupo de Manchester.
Nuno Peres, de 44 anos, é natural de Arganil, Coimbra, e tem sido orador convidado em várias conferências internacionais, como as reuniões anuais da American Physical Society. É co-autor do mais citado artigo de revisão sobre grafeno, editado na Reviews of Modern Physics (cerca de 1700 citações). Já venceu os prémios Seeds of Science 2011, de Mérito à Investigação da UMinho e de Mérito da Universidade de Évora. É membro da Academia das Ciências de Lisboa (desde Março) e da Sociedade Portuguesa de Física (desde 1987). Foi ainda professor visitante em Turku (Finlândia), Boston (EUA) e Dresden (Alemanha).
Prémio de grande prestígio na comunidade científica
O júri do Prémio Gulbenkian Ciência 2011 foi formado por Fernando Lopes da Silva (presidente), Alexandre Quintanilha, Augusto Barroso, Luís Magalhães e Manuel Nunes da Ponte. O galardão, no valor de 50 mil euros e atribuído regularmente pela Fundação Gulbenkian desde 1976, conquistou um lugar de grande prestígio no seio dos cientistas portugueses.
Entrevista a Nuno Peres (retirado da http://www.fisica.uminho.pt)
Que aplicações práticas poderemos esperar da investigação no grafeno e porque este material é tão importante?Há muitas promessas de aplicações, como sensores de gases, detectores de luz de diversas "cores", sensores de tensão. Mas a que será mais imediata é a sua integração em painéis tácteis. O grafeno é muito importante porque trouxe muita Física nova. Por exemplo, os electrões comportam-se no grafeno como se tivessem perdido toda a sua massa; uma situação a que os físicos de partículas chamam o regime ultra-relativista. Tal abre a possibilidade à observação de efeitos que muito têm interessado quem trabalha nos grandes aceleradores. Por outro lado, é importante para potenciais aplicações, acima referidas, e que decorrem da física fundamental do grafeno.
Que impacto traz o prémio para a equipa da UMinho e que portas pode abrir?
Penso que dará visibilidade ao nosso trabalho - bem como ao Centro de Física e ao Departamento de Física, da Escola de Ciências da UMinho - junto da sociedade em geral.
Em que outros projectos científicos de relevo está envolvido neste momento?
Estamos a trabalhar em formas de controlar absorção de luz na presença de campos magnéticos e em nano-fitas de grafeno, que poderá ter aplicações em telecomunicações. |
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A notícia não deve surpreender ninguém...o nosso problema nunca foi falta de pessoas com qualidade mas sim de "pessoas de qualidade a servirem o estado". Ou seja, governantes com perfil de estadista.
ResponderEliminarJN