"My God, what have we done?" Foi com estas palavras que reagiu o Capitão Robert Lewis a 6 de Agosto de 1945, a bordo do bombardeiro americano B-29 Enola Gay e quando já se encontrava a cerca de 30 milhas da cidade de Hiroshima (Japão), onde tinham acabado de largar a primeira bomba atómica. Pensa-se que tenham perecido logo de imediato cerca de 140 mil pessoas, número que foi crescendo ao longo dos anos, em resultado dos ferimentos e aumento de doenças como leucemias e outros tipos de cancros, como efeito das doses maciças de radiações a que as pessoas (e descendentes) foram sujeitas.
Três dias depois, a 9 de Agosto, ocorreu um segundo acto deste trágico momento. Uma segunda bomba atómica, mais pequena, foi largada sobre a cidade de Nagasáqui, que viu desaparecer num ápice cerca de metade da sua população, que era de cerca de 300 mil pessoas. Nagasaki foi uma “segunda” escolha pois o alvo prioritário para o bombardeamento era outra cidade, Kokura, que se viu poupada porque na hora marcada estava envolta numa espessa nuvem de fumo que inviabilizou a largada.
Recordamos aqui este episódio da nossa história, estranhamente ausente das notícias dos jornais e televisões, mais focadas nestes dias na crise económica e na cobertura dos acontecimentos em Londres e outras cidades britânicas, porque a discussão do nuclear é assunto da ordem do dia por via dos trágicos acontecimentos recentes do acidente na central nuclear de Fukushima, provocados pelo violento tremor de terra e tsunami que se abateu sobre o Japão.
Mas estas datas que se evocam em Agosto (em alguns países estes acontecimentos justificam feriados, momentos de silêncio e cerimónias várias…) e os 66 anos que já passaram permitem-nos também trazer a este espaço a questão da ciência e da possibilidade do seu mau uso pelo homem.
A questão não está naturalmente na busca e encontro da verdade, essa é uma busca legítima e de sempre, mas na possibilidade que o homem tem, sempre no uso da sua liberdade, de fazer um mau uso dessas descobertas e conhecimentos. É a “velha” questão da ética que deve pairar sobre toda e qualquer acção humana, o questionar permanente quanto aos destinos das suas acções e descobertas, sejam elas o conhecimento genético, o uso da internet ou a ciência nuclear.
E as datas que evocamos constituem um “mau” uso de um tremendo conhecimento científico, de um avanço que pode (já é) muito útil á qualidade de vida do ser humano. Felizmente os dois acontecimentos de há 66 anos constituíram episódio singular (e esperamos que definitivo) do uso militar da tecnologia nuclear.
Link a merecer visita com fotos inéditas das duas cidades
http://www.life.com/gallery/46282/never-seen-hiroshima-and-nagasaki#index/0
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