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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A Estrela de Belém e o Natal

Do Evangelho segundo S.Mateus, capítulo 2, [...] E, tendo nascido Jesus em Belém de Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém, Dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo. [...] Então Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exactamente deles acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera.
E, enviando-os a Belém, disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore.
E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela, que tinham visto no oriente, ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino.



Fresco A Adoração dos Magos – Giotto (1303-1305) – Capela Scrovegni, Pádua. Crédito: © Web Gallery of Art

Além desta breve referência no Ev. de S.Mateus, a Estrela de Belém é também mencionada num escasso grupo de textos denominados “não canónicos”, isto é, têm valor histórico mas não são considerados “Evangelhos” e por isso não incluídos nas Sagradas Escrituras.  Um deles é o evangelho de Tiago (21:2):  [...] Que sinal vistes indicando o nascimento desse rei?" Responderam os magos: "Um grande astro brilhou entre as demais estrelas de forma a ocultar-lhes [a luz].Porém, não deixa também de ser curioso que já no Antigo Testamento, anterior ao Nascimento de Cristo, havia referências e uma tradição em associar grandes eventos, nascimentos, batalhas, guerras etc, a fenómenos de natureza astronómica, sinais celestes, como por exemplo o aparecimento de estrelas. 
Mas para nós a imagem, a Estrela de Belém a assinalar o Nascimento de Cristo, mesmo que mencionada brevemente em alguns textos, chegou até nós com muita força e assim tem permanecido enraizada na nossa cultura.
Como imagem, A Estrela de Belém aparece em muitas representações da Natividade que foram sendo criadas ao longo dos séculos. As mais antigas mostram uma estrela simples, de seis, sete ou oito pontas, como é o caso de algumas, do séc. IV, encontradas em sarcófagos no Vaticano, ou, do séc. VI, em mosaicos de Ravena. O capitel do séc. XII, de Gislebertus, da catedral de Autun, que se pode ver na primeira imagem, exibe também uma estrela de oito pontas (imagem seguinte)


O sonho dos Magos – Gislebertus – (1120-30) – Capitel da Catedral de Autun, Musée Rolin, Autun. Crédito: © Web Gallery of Art



No entanto as representações mais famosas são as pinturas de Giotto (1267-1337): o fresco A Adoração dos Magos (1303-05), da Capela Scrovegni, em Pádua, e também A Epifania (1320), um painel pertencente a uma série de sete sobre a vida de Cristo. Nestas duas obras a estrela surge com uma cauda, tal como um cometa, o que não resulta muito estranho se nos lembrarmos de que em 1301 se registou uma passagem do cometa Halley, que Giotto certamente terá observado.



A Epifania (possivelmente de 1320) – Giotto – Fund. John Stewart Kennedy, 1911 (11.126.1) – Museu Metropolitano de Arte de Nova Iorque.



Aliás, esta ideia, de que a estrela poderia ter sido semelhante a um cometa, já vem referida nos escritos de Origen de Alexandria, filósofo e teólogo que viveu entre 185 e 254 D.C. e um dos primeiros a procurar uma interpretação natural para o fenómeno. Origen fala de uma nova estrela diferente das conhecidas no céu e que poderia ter sido um cometa. Os cometas costumavam prever mortes e não nascimentos, mas Origen chega a referir um texto de um filósofo egípcio que dizia exactamente o contrário.
 Todavia, para a maioria dos teólogos dos primeiros séculos D.C., tal como Santo Agostinho (354-430), a estrela terá sido um milagre, uma força divina que terá tomado a forma de uma estrela.
Mas a partir dos séculos XIV e XV, com o Renascimento e as Descobertas, assistiu-se a um desabrochar do conhecimento, o que viria a trazer à luz alguns paradoxos religiosos. Começou a surgir a necessidade de se encontrar uma explicação mais clara e natural para este género de prodígios, de forma a compatibilizá-los com os dados empíricos.
 O contributo mais importante para se começar a pensar na estrela como um fenómeno astronómico real terá sido dado, já no séc. XVII, pelo astrónomo alemão Johannes Kepler.


Fontes:

http://www.geocities.com/lauferworld.geo/OdessyIII.htm



quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Lançado para o espaço o maior, mais moderno e caro robô projectado para explorar outro planeta

O veículo baptizado com o nome "Curiosity" foi lançado no passado dia 26 de Novembro da base espacial do Cabo Canaveral, na Florida, EUA, ” à boleia” de um foguetão Atlas V. Até ao planeta Vermelho irá percorrer 570 milhões de quilómetros, estando previsto atingir o seu destino em Agosto de 2012. Para se ter uma ideia da aposta que a NASA está a fazer nesta missão, de nome Mars Science Laboratory (MSL), adianta-se que a mesma tem um custo previsto de 2500 milhões de dólares, cerca de 1850 milhões de euros.
A missão do "Curiosity" poderá revolucionar o conhecimento humano sobre Marte, nomeadamente descobrir se alguma vez houve condições para a vida no Planeta irmão da Terra. Para isso vai passar dois anos a procurar vestígios de que Marte tenha tido ou ainda tenha formas microscópicas de vida." É uma proeza da engenharia e nos fornecerá conhecimentos científicos que nem sequer podemos imaginar", disse Doug McCuistion, diretor do programa de prospecção de Marte da Nasa.


Com quase 900 quilogramas, três metros de comprimento e 2,2 de altura, o Curiosity é o maior veículo de superfície desenhado para o solo de Marte. Na realidade é uma espécie de todo o terreno “espacial”.
A sua construção e funcionalidades baseiam-se na experiência adquirida pelos seus predecessores, o Sojourner, o Spirit e o Opportunity, veículos que a NASA começou a enviar para Marte em 1997.
Um laser capaz de perfurar rochas é uma das novidades do Curiosity (NASA/REUTERS)

O destino específico da Curiosity é a cratera Gale, situada perto do equador de Marte, local já identificado como importante devido à presença de argilas e outras características geológicas que indiciam a presença de água.
A missão deste laboratório sobre rodas é recolher dados para averiguar se o planeta terá tido condições de habitabilidade, estando preparado para seguir a denominada “pista do carbono”. Se houver a confirmação de que terá havido condições de habitabilidade, serão desenhados veículos que procurarão sinais de vida.
O Curiosity leva a bordo dez instrumentos científicos “de topo”. Incluem-se câmaras de alta definição (com as quais se obterão imagens stereo de alta resolução e a cores, e sequências vídeo, laser para análises a rochas (ver foto), sensor de partículas de origem solar de alta energia, um espectroscópio de raio-X para determinar a composição das amostras geológicas e três recipientes de análises. Possui também um perfurador que fará buracos até cinco centímetros para recolher amostras que não estejam expostas. Outro dispositivo, preparado pela Agência Espacial Russa, pode disparar neutrões até meio metro abaixo do solo para detectar a presença de hidrogénio. Inclui ainda uma verdadeira estação meteorológica, que vai medir a velocidade e a direcção do vento, a pressão atmosférica, a temperatura e a radiação ultravioleta. Com este conjunto de equipamentos, que o transforam num laboratório ambulante (e autónomo), consegue por exemplo fazer algo que parece saído de um filme de ficção científica: dispara um laser até sete metros de distância e que é capaz de vaporizar rochas, para determinar quais as moléculas de que são compostas.
O nosso blogue vai manter-se atento e dar novidades sobre o trabalho realizado pela “Curiosity”. Esperamos daqui a uns tempos estar aqui a divulgar no nosso Blogue que esta missão “descobriu que no vizinho da Terra já houve condições para a vida.” Razão mais que suficiente para nos mantermos “curiosos” nos resultados deste empreendimento, um bom exemplo do engenho humano.