Robert Lefkowitz e Brian Kobilka |
No comunicado em que anuncia os nomes dos laureados, a
Real Academia Sueca das Ciências explica que cada uma dos milhões de células que
compõem o corpo humano tem pequenos receptores que lhe permitem sentir o meio
envolvente e adaptar-se a novas situações.
Robert Lefkowitz e Brian Kobilka são agora premiados
por "descobertas que revelam o funcionamento interno de uma importante
família destes receptores: os receptores acoplados à proteína G", informa
a mesma nota.
A academia sublinha ainda que "cerca de metade de
todos os medicamentos actuam através dos receptores acoplados à proteína
G".
Durante muito tempo, explica a academia, foi um mistério
como é que as células conseguiam sentir o ambiente que as rodeava e “adaptar-se.
Os cientistas sabiam que hormonas como a adrenalina
têm efeitos poderosos - aumentam a pressão arterial e fazem o coração bater
mais depressa - e suspeitavam que a superfície celular continha algum receptor
para essas hormonas, mas desconhecia-se em que consistiam e como funcionavam. E
esse mistério permaneceu praticamente durante a maior parte do século XX.
Lefkowitz começou em 1968 a usar a radioactividade (um
isótopo do Iodo – os alunos do 9º ano irão aprender mais tarde o que é um
isótopo… ) para detectar a presença desses receptores celulares. A equipa de
Lefkowitz conseguiu isolar esse receptor, “escondido” na parede das células,
podendo assim prosseguir no estudo do mecanismo de funcionamento – e é precisamente a partir desta fase, do estudo
em concreto aos receptores, que entra o
outro laureado, Kobilka.
Partindo de uma abordagem muito original, Kobilka o
estuda o receptor “indo à origem”, isto é, procurou isolar e estudar o gene que
codificam os referidos receptores. Ao estudar o gene descobriram que o mesmo
dava afinal origem a vários tipos de receptores presentes no corpo humano, quer
sejam do coração ou do olho, responsáveis pela captura da luz.
Perceberam
então que há toda uma família de receptores parecidos e que funcionam da mesma
maneira.
E
foi por isto, a descoberta pioneira e trabalho sobre os sensores das células
que justificaram a atribuição do Nobel a esta dupla de cientistas, Lefkowitz e Kobilka.